segunda-feira, 24 de agosto de 2009

As filmagens: 1º dia - a entrevista



Começamos a rodar o Braxília na manhã de uma quinta-feira, 14 de maio. Pensem em uma criatura que estava com medo! Frio na barriga, todas as idéias e receios e anseios, tudo junto e ao mesmo tempo, uma pontinha de insegurança mas uma vontade absurda de colocar a poesia do Niki na tela. Quando esse projeto surgiu, lá em 2004, foi fruto de uma necessidade mesmo de falar sobre o olhar dele diante da cidade. Eu brinco que o primeiro tratamento do roteiro foi quase psicografado! Agora, alguns anos depois, era hora do filme finalmente sair do papel e ganhar vida. Então, fomos à vida, nessa manhã de quinta-feira.

A equipe se reuniu na Cor Filmes, bem cedinho, para o primeiro café da manhã coletivo. Eu quietinha, tentando lidar com meu medo e procurando me conectar com o que o Luiz Fernando Carvalho chama "rádio estação estado de graça", aquela sintonia que cada um encontra quando precisa lidar com uma outra disposição, o olhar poético, pleno de aberturas. O que me tranquilizou, na véspera, foi ver um e-mail do Nicolas recepcionando a equipe, ele mesmo tecendo sua abertura para aquele encontro. Dizia para irmos dispostos a lidar com a imperfeição, com o que temos de humano - demasiadamente humano. Era tudo o que eu precisava ler. Tive a certeza, aí, de que o Niki estava disposto a lançar-se ao mesmo abismo que eu. Então fomos.

O dia foi quase todo dedicado a uma longa entrevista com o poeta, em sua biblioteca e numa locação "árida" que encontramos nos fundos de sua casa, perfeita para ligar com a idéia das ruínas da UnB: um banquinho sujo de terra vermelha, no meio de uma circunferência de concreto cercada por grama falha. Conversamos sobre poesia, sobre sua produção, sobre a relação com o espaço da cidade, geração mimeógrafo, poesia e resistência, o poeta como arqueólogo, a re-invenção de brasília e a criação de braxília, o possível encontro dessas duas cidades. Aos poucos meu medo foi indo embora, enquanto conversávamos. E o mundo do Niki poderia render tanto mais! Nem entramos em sua iniciação à dendrolatria, sua persona ambientalista, a infância em Diamantino (de onde poderiam vir tantas e tantas imagens...). Mas aí seriam outros filmes...será que um longa daria conta de Nikolaus von Behr?

Publico aqui algumas fotos da entrevista. O próximo post trará as fotos das filmagens no Beirute, na noite dessa mesma quinta-feira. Aguardem!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Braxília na mídia III - dando nome aos bois

O artista plástico Allan de Lana, que fez a direção de arte do Braxília ao lado de Rodrigo Paglieri, é o entrevistado do mês da revista de arte "dando nome aos bois", projeto dos também artistas plásticos Matias Monteiro e Luciana Paiva. Na entrevista, ele fala do processo de realização do filme. Reproduzo aqui o trecho, mas vale a pena visitar o blog, que é um espaço interessantíssimo para as artes visuais em Brasília. A entrevista foi feita por Matias Monteiro.

DNB- Atualmente você está trabalhando com direção de arte no documentário Braxília de Danyella Proença; como está acontecendo essa passagem da produção de audiovisual no contexto das artes visuais e o cinema?

Allan- Tá massa... Tá bem bacana [sic]. Eu e o Rodrigo Paglieri estamos fazendo a direção de arte. É um documentário, o que é bem diferente do que eu já havia feito com as animações. Mas nesse caso a Dany desenvolveu o projeto com uma preocupação grande de fazer escolhas que não refletissem um modelo de documentário... chato – como passo-a-passo. Ela tentou pensar toda a questão do documentário a partir do fato de a poesia do Nicolas [Behr] ter uma relação com o espaço de Brasília. Não só uma relação do poeta, mas da poesia. Então é um documentário muito mais próximo da poesia, para a questão da linguagem, de “como” fazer, buscando evitar os clichês e de uma forma coerente com a poesia do Nicolas Behr. Então se tornou um pensamento sobre a poesia, e especificamente sobre a poesia dele. E o que é mais bacana nesse documentário é que ele traz uma figura que viveu um período de produção poética intensa, e a forma como essa produção surgia não era editorial, mas por vezes de forma mambembe, como intervenção poética. Havia uma reprodução caseira dos textos, na qual os próprios poetas dominavam todo o processo de editoração: faziam a impressão no mimeógrafo, recortavam as páginas, grampeavam e vendiam - dominando assim toda a cadeia produtiva. Acho que isso reflete um momento muito poético forte, apesar de ser um momento de muita repressão. Acho que foi uma escolha bacana da Dany...

DNB- E essa escolha de trazer o processo poético para o primeiro plano, compondo quase uma biografia da obra, parece ter relação com o seu processo de trazer os bastidores para frente... deve ter sido interessante nesse aspecto...

Allan- É, tem partes interessantes que são completamente imaginadas. O Nicolas é muito criativo, tem idéias o tempo todo... e essas inquietações dele nos levou a propor cenas imaginárias. Está sendo uma experiência boa.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Braxília na mídia II - Blog do Turiba

Quinta-feira, 14 de Maio de 2009

POESIA DE NICOLAS BEHR CHEGA AO CINEMA
POETA Nº1 DE BRASÍLIA É FILMADO REINVENTANDO A CIDADE

Braxilia. Este é o título do curta metragem que a diretora Danyella Proença começou a filmar este fim de semana sobre a poética de Nicolas Behr. O filme será apresentado no próximo Festival de Cinema de Brasília, o Festival dos 50 anos da capital.As tomadas de ontem à noite no Beirute (14.05) mobilizaram muitos poetas e artistas da cidade, entre eles o cantor e compositor Renato Matos, os compositores Clodo e Climério, as poetas Noélia e Amneres e o artista plástico Gougon. Foi tudo uma grande festa e a cena onde todos brindavam a obra de Behr foi filmada e refilmada por inúmeras vezes. A cada subida e encontro dos copos, todos gritavam em alto de bom som: PUTA QUE PARIU!!!!!!!!
Postado por luis turiba às 20:38

(Para ler mais textos do Turiba, poeta que faz parte dessa Brasília pulsante e possível, visitem www.blogdoturiba.blogspot.com. O link exato do post sobre o filme está aqui)

Braxília na mídia I - Correio Braziliense

14 de maio de 2009

Nahima Maciel

“Há quatro anos, o poeta Nicolas Behr encontrou uma caixa de negativos em preto-e-branco num canto de casa. Dentro dele repousavam cerca de 800 imagens. Behr decidiu ampliar para ver o que acontecia. Assim aconteceu Beije-me, o livro-álbum que poeta lançou ontem, e no qual reuniu fotografias dos cenários e personagens de sua juventude. A Brasília de Beije-me é uma capital de gramados ocupados, muros pichados com reivindicações ideológicas em tempos de repressão militar e de reuniões de poetas e artistas marginais. “É o livro-álbum da minha juventude em Brasília no fim dos anos 1970 para 1980. É um livro passadista, saudosista, de uma cidade que não existe mais. Ali tem imagens de uma Brasília bem orgânica. Não tem ministérios nem três poderes”, avisa o poeta, tema do documentário Braxília, da diretora Danyella Proença, que começou a ser rodado hoje.”

sexta-feira, 22 de maio de 2009

pesquisa - rúinas da unb


Teste com Nicolas Behr montando as letrinhas

A pesquisa

Amigos, finalmente rodamos o Braxília!! Foram quatro dias intensos, de muito trabalho, entre 14 e 17 de maio. Apesar do pouco tempo, acho que conseguimos fazer um belo trabalho de percepção e investigação da cidade, guiados pela poesia do Nicolas Behr. Agora que as filmagens passaram, vou conseguir postar aqui algumas fotos do nosso processo de reconstrução de Braxília :)

Começo pelas pesquisas na pré-produção. Bom, na verdade foram quase cinco anos de pesquisa, desde a primeira versão do projeto láááá atrás, nos tempos de graduação. A busca por perceber em que cantos de Brasília se esconde Braxília - a reinvenção da reinvenção, a cidade poética criada pelo Niki - se intensificou algumas semanas antes das filmagens, com as visitas às locações e muitas decisões a serem tomadas. Essa foto aqui do lado foi lá nas ruínas da UnB, com as letrinhas do "Brasilíada". Essa locação foi um achado do nosso arqueólogo Nicolas! Lá rodamos a seqüência mais onírica do filme, para mim, em que o poeta pôde descer a escada rumo às suas memórias de infância e colocar a mão na terra, em busca dos vestígios da cidade...como entender tudo isso olhando apenas para os objetos - letrinhas? É preciso dar vazão a registros antigos, deixar falar o imaginário, a metáfora...mas sobre esse processo de sacralização diante do cronograma apertado eu quero falar com mais calma, acho que merece um post específico.

Ah, sim! A visita às ruínas, na pré-produção, me rendeu até um bicho-de-pé! Ou seria bicho-de-pré?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Quase lá!

Na semana que vem começam as filmagens do Braxília, meu primeiro curta. Teremos o privilégio de passear pela cidade inventada por Nicolas Behr, guiados pelo próprio poeta :)

Depois de quatro anos esperando pra ver esse projeto concretizado, nem consigo elaborar direito a mistura de sentimentos que passam cá por mim. Tanta coisa já aconteceu nesse intervalo! Meu próprio olhar diante da cidade mudou tanto desde que o projeto nasceu, lá na disciplina "Documentário", na UnB! Nesse tempo em que fiquei esperando a liberação da verba da Secretaria de Cultura, mudamos todos: Eu, o Nicolas, Brasília. Eu me formei, passei em concurso público, entrei no mestrado e, quando pela primeira vez relaxei e pensei que a verba não fosse sair nunca mais, ela saiu. Justamente quando eu estava no olho do furacão.

Cá estou, de férias do ministério para poder rodar, costurando com a equipe todas as imagens em que Brasília pode ser uma cidade qualquer. Vamos botar a poesia na rua!

Aos amigos que acompanharam a minha saga para realizar esse filme, agora é a hora do pensamento positivo, mais do que nunca! :)